quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Nobel/Literatura: Le Clézio é "um grande escritor da actualidade" - especialista de Coimbra

Coimbra, 09 Out (Lusa) - A vice-reitora da Universidade de Coimbra Cristina Robalo Cordeiro, especialista em Literatura Francesa, congratulou-se hoje com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a Jean-Marie Gustave Le Clézio, que define com "um grande escritor da actualidade".

"Fico muito satisfeita por ter sido escolhido um francês. Conheço pessoalmente Le Clézio, um escritor de língua francesa que é também filósofo e pensador", declarou à agência Lusa Cristina Robalo Cordeiro.

Ao ser contactada esta tarde para comentar a decisão da Academia Sueca, a catedrática, que se encontra em Marrocos em representação da Universidade de Coimbra, não tinha ainda conhecimento da distinção de Jean-Marie Gustave Le Clézio, sobre o qual tem vários estudos publicados.

"Le Clézio é um escritor discreto, não muito mediático. Um homem que escreve uma literatura francesa de grande qualidade", acrescentou.

Para Cristina Robalo Cordeiro, o Prémio Nobel da Literatura de 2008 "é um homem de ideias e de ideais", que escreve livros "para pensar e levar as pessoas a pensar".

"É um escritor clássico, com uma escrita rigorosa", sublinhou.

Jean-Marie Gustave Le Clézio, distinguido este ano com o Prémio Nobel da Literatura, escreveu o seu primeiro livro aos sete anos, durante uma travessia marítima rumo à Nigéria.

A sua literatura confunde-se com as viagens, que não cessou de empreender. Ganhou a admiração de filósofos como Michel Foucault e Gilles Deleuze, que apreciaram a sua escrita inovadora e revoltada.

Filho de um cirurgião britânico e de uma francesa da Bretanha, nasceu em Nice, sul da França, em 13 de Abril de 1940.

Formado em Letras, trabalhou na Universidade de Bristol e de Londres, em Inglaterra, dedicando uma tese ao poeta Henri Michaux, também ele um viajante.

Com 23 anos, ganha o Prémio Renaudot, um importante galardão francês, por um ensaio que ainda hoje é considerado magistral, "Le procès-verbal".

A sua obra, que compreende contos, romances, ensaios, novelas, traduções de mitologia ameríndia, numerosos prefácios e artigos, é considerada como crítica do Ocidente materialista e uma atenção constante aos mais fracos e aos excluídos.

Numa sondagem, realizada em 1994 pela revista francesa Lire, foi considerado como o "maior escritor vivo da língua francesa".

"O Processo de Adão Pollo", "O caçador de tesouros", "Deserto" (considerado a sua obra-prima), "Estrela errante", "Diego e Frida" e "Índio branco" são os livros de Le Clézio traduzidos em Portugal, cuja obra ultrapassa os 50 títulos.

CSS/CMJ.
Lusa/Fim

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Moderação de comentários

Infelizmente há más pessoas neste mundo virtual! Por questões de ética e de educação, activei o sistema de moderação de comentários! Espero que não levem a mal, mas é a melhor forma para ignorarmos pessoas indesejadas!
A todos um resto de boa semana! E não se esqueçam do Euromilhões! ehehehhe

Beijos e abraços.

Cronos

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Vontades da estação


Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,E será como esta [...]
Fernando Pessoa

Amarelos dominam


Árvores despidas

Chegou o Outono. Numa altura em que as alterações climáticas parecem querer fazer das suas, o Outono parece que veio com toda a pujança. Sempre achei que nós, por cá, nunca conseguíamos sentir as estações do ano na íntegra. Como por brincadeira costumo dizer, basta darmos uma volta pela Ilha e facilmente encontramos as quatro estações de uma vez só. Mas é sempre bom saber que psicologicamente já chegou o Outono. As folhas ainda não começaram cair, mas já a natureza se prepara para concluir um ciclo e dar início a outro. E nós? Como nos comportamos no Outono? Será que ficamos mais tristes? Será que nos tornamos mais escuros? Ou despidos de imaginação, de ideias e de boa disposição? Apetece-me dizer que só sei que nada sei... a não ser que chegou o Outono.

Cronos, marcando o tempo...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Um pitada de regionalismo

Aos cativos

Vós outros, que sois cativos,
Grilos dentro de gaiola;
Aves, que andastes à solta,
E vos prenderam à argola;
Peixes nalguma redoma,
Muito mais mortos que vivos, -
Ouvi:
Maior prisão é cá dentro.


Vós outros, que sois cativos,
Com ferrolhos pelas portas,
E chaves de muitas voltas,
Medonhas grades por fora,E luz, por dentro, tão pouca,
E antes mortos do que vivos, -
Ouvi:
Preso está quem anda à solta.

Mas seja assim, muito embora,
Vós outros, que sois cativos,
Minh’ alma não vos ignora
Nesta prisão de aqui fora,
Onde é noite a toda a hora,
E, condenados, os vivos
Parecem mortos agora; -
Ouvi:
O tempo tudo melhora.

Cabral do Nascimento

Secreções de uma inteligência

"O cansaço de todas as ilusões e de tudo que há nas ilusões - a perda delas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perdê-las, a mágoa de as ter tido, a vergonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim.A consciência da inconsciência da vida é o mais antigo imposto à inteligência. Há inteligências inconscientes - brilhos do espírito, correntes do entendimento, mistérios e filosofias - que têm o mesmo automatismo que os reflexos corpóreos, que a gestão que o fígado e os rins fazem de suas secreções."
Bernardo Soares

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Qual inerte... me deixo levar...

A inércia tomou conta de mim. Deixei que, por momentos, ela me agarrasse e me levasse a passear com a lassidão da pouca vontade para trabalhar. Ainda assim, tenho de aqui estar, sem qualquer argumento que não seja o receber um salário no final do mês. Por que razão não sou rico?
Cronos

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Amnistia lança desafio


A Amnistia Internacional aproveitou os Jogos Olímpicos para lançar uma campanha contra os atendados à humanidade feitos pelas autoridades chinesas.

As imagens valem mais do que 1000 palavras.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Apenas alguns momentos...

(fotos and make off by Cronos)

Simplicidade das coisas

Sabe bem apreciar um belo pôr-do-sol. Sabe bem apreciar o esvoaçar de uma borboleta. Sabe bem ouvir os chilrear de um pássaro. Sabe bem sentir o vento a nos enregelar a face quando estamos bem agasalhados. Sabe bem olhar as nuvens do alto e vê-las desenhar formas que só nós vemos ao sabor da aragem que passa. Sabe bem apreciar as belezas singelas de uma flor. Seja Verão, seja Inverno, há coisas que simplesmente sabem bem.



Por mais que as tentemos descrever, penso que há-de faltar sempre uma pincelada de sentimento, um toque de quase magia para que consigamos fazer com que os outros sintam, vejam, ouçam ou toquem aquilo que sentimos, vimos, ouvimos ou tocámos. É esta a subtileza dos nossos sentimentos, é esta a estranheza do ser humano que a cada dia que passa desencanta forma de encantar os demais.É bom sentir simplesmente o mundo que nos rodeia...
Cronos

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Há dias assim...

Há dias em que não sabemos nada de nada. Não sabemos o que comer pela manhã. Não sabemos que roupa vestir (esta parte é mais conversa de "gaja"), não sabemos o que nos espera no trabalho, não sabemos a que horas vamos sair. Não sabemos nada. Apenas sabemos que o sol nasceu e que é preciso fazermos algo, mais não seja ficarmos na cama a dormir. Este é uma sensação de inércia e de incapacidade para fazermos algo mais por nós mesmos. Falta-nos a determinação para dar um passo em frente (ou atrás, por vezes é necessário). Resta-nos esperar por dias melhores e acreditar que tudo vai melhorar...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Desculpem-me

Caros,

Desculpem pelo post enorme que vai logo abiaxo, mas acho que estava muito bem escrito... e vale a pena ler tudo.

Bom dia,

Cronos

Uma crónica até comovente...

Se ao menos a gente pudesse viver com as coisas mais simples em vez de recordar as complicadas. Voltar à pobreza do elementar: luz, água, pedra. O avô de alguém que me é querido dizia de uma pessoa boa É bom como o pão e ao lado disto que maior elogio se pode fazer? A nossa língua torna-se maravilhosa com palavras como estas É bom como o pão e lembro-me das mulheres que beijavam o pão duro antes de o deitar fora, da minha avó que se horrorizava ao ver um pão ao contrário: punha-o logo direito a pedir desculpa em silêncio, movendo a boca. Sempre me senti bem nas padarias: o cheiro, o lume, os padeiros enfarinhados que eu achava, acho ainda, serem anjos que se transviaram, de braços cobertos por uma poeira celeste. Tudo neles era branco até as sobrancelhas, as pestanas. O olhar branco também. Os gestos. Não olhos cegos, olhos brancos. E eu à porta a espantar-me. O eco das vozes nos tijolos, dos passos, da lenha no forno. Bom como o pão: ora toma, António. Aprende a escrever à maneira. O facto é que me interessa muito mais um padeiro que um economista. Ou um gestor.
Criaturas que, não sei porquê, me dão pena: economistas, gestores, administradores, directores, banqueiros. Deve ser triste ganhar dinheiro assim. O que sonhará um economista, a que brincava um gestor em criança? Ou nasceram já crescidos? Imagino-os debaixo do chuveiro, de gravata, a falar ao telemóvel. E sabe-se que são velhos não pelo aspecto mas porque quando contam que arranjaram uma secretária boa se referem a um móvel. O que sonhará um economista posso imaginar mais ou menos, agora o que sonha a mulher de um economista é que me preocupa. Se eu fosse mulher de um economista sonhava com canalizadores ou mecânicos de automóvel, homens que usam as mãos e não lêem revistas de golfe nos domingos de chuva. Estou a brincar. Não conheço nenhum economista, aliás. Se conhecesse abria-lhe logo a tampa a fim de espiar o que traz na barriga: cartões de crédito, canetas caras, camisas por medida? Sempre andei mal enjorcado, eu, para desespero da minha mãe:
Andas tão mal enjorcado, filho.
Todos os anos a minha companhia lá da guerra faz um almoço com os que sobejam da miséria em que andámos. Não neste último almoço, no penúltimo, o furriel Firmino Alves começou a anotar os telemóveis dos nossos camaradas para os contactos da refeição seguinte, até que chegou ao Pontinha. Pontinha é a alcunha do ordenança da messe de oficiais, que morava na Pontinha. Como a cabeça dele era grande (continua a ser grande) chamavam-lhe também Porta-aviões porque dava para os aviões aterrarem.
O Pontinha, como muitos dos soldados, vive com dificuldades. Ao fim-de-semana engraxa sapatos na mira de equilibrar o orçamento. Gosto muito do Pontinha a quem obrigava a cortar a carne em bocados de dois por três centímetros, por haver decidido ser a capacidade da minha boca. Media aquilo e exigia Quatro milímetros a mais, Pontinha, corta outra vez e o Pontinha, que remédio, cortava. Ainda hoje, nesses almoços, me quer cortar a carne. Falar nos meus camaradas comove-me: a expressão irmãos de armas é tão verdade. Enquanto nos aguentarmos por cá. Mesmo depois. Zé Jorge: continuamos irmãos de armas. Cabo Sota: admiro a tua coragem até ao fundo da alma. Sozinho com a Breda, uma metralhadorazeca, aguentou um ataque.
E vive mal, percebem? Como se deixa viver mal um herói? Ao acompanhá-lo ao táxi em que voltava, doente, ao Alentejo, avisei o condutor:
Você leva aí um grande homem, sabia, um dos maiores homens que conheço e, como todos os grandes homens da guerra, de uma infinita modéstia, bondoso e sereno. Não lhe chego aos calcanhares. Cabo Sota, tu mereces a continência de um general. O Zé Luís, oficial de operações especiais, que em matéria de coragem não necessitava de aprender com ninguém:
Eram duros
expressão que constitui para nós o supremo elogio. Adiante. Contava eu que o furriel Firmino Alves anotava os telemóveis até que chegou ao Pontinha e como fizera com os outros perguntou:
Tens um telemóvel, Pontinha?
e o Pontinha logo, a mostrar serviço:
Não, mas a minha mulher tem um microondas não fosse a gente pensar que ele era um badameco qualquer. Pode parecer esquisito ou parvo ou o que quiserem, mas quem cortava a minha carne era um magnata cuja mulher tem um microondas, e aí está o melhor título de nobreza (aliás o único) que possuo. Este ano o Pontinha, depois de me desdobrar o guardanapo (se eu o desdobrasse ele ofendia-se) olhou-me bem nos olhos e declarou:
Se quiser vou para sua casa, faço-lhe o comer, dou-lho e não levo um tostão por isso e eu todo arrepiadinho de ternura. Boaventura, Nini, Licínio, vocês todos caramba como a gente somos irmãos. Unamuno, que muito respeito, tem páginas admiráveis acerca da valentia dos portugueses. Tens razão, Zé Luís: eram duros. Ganas de explicar às mulheres deles, aos filhos deles, o orgulho que tenho em ser amigo dos pais, em que os pais sejam meus amigos. Não: irmãos de armas. Não: irmãos. E bons como o pão. Ao lado disto que maior elogio se pode fazer? Ao menos que o País os beije antes de os deitar fora e lhes peça desculpa. E há mais anjos para além dos padeiros, de arma nas unhas mata fora. Nenhum deles é banqueiro, claro. Nem administrador. Nenhum deles joga golfe. Jogaram golfe num campo de um só buraco onde não é a bola que cai.
É um rapaz de vinte anos. E acabo aqui, antes que seja tarde para marcar o número de um microondas.

António Lobo Antunes, Visão, 25 de Junho 2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Não é bem dormir na forma...

Meus caros, pois é. Atirei pedras ao telhado do meu vizinho e esqueci-me que tenho telhas de vidro. ahahahah Tenho andado com trabalho até à ponta do cabelo mais comprido. Quase nem respir... ehehehe Mas prometo que assim que a coisa melhorar, vou postar aqui umas coisinhas
Fiquem bem... beijos e abraços

Cronos

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Complexidade humana

Há coisas difíceis de se explicar. Por mais que tentemos nem sempre conseguimos explicar os nossos gestos ou as nossas atitudes. Tudo porque é realmente difícil perceber a mente humana. A chatice é maior quando somos obrigados a conviver com outras pessoas, ou não fossemos, por natureza, seres sociais e sociáveis. Enfim... o que nos consola é que temos sempre tempo para aprender. A ver vamos...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Porque vale a pena...

Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.

Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.

Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?

Fernando Pessoa, Cancioneiro

O sorriso


A alvura de uns belos dentes pode fazer-nos felizes. Este poderá ser o segredo do sorriso. Simples para alguns. Complicado para outros. O sorriso é um gesto que pode mudar o nosso rumo, que nos pode fazer chorar, que nos pode emocionar. Sorrir com vontade mostra aquilo que sentimos. Mostra satisfação, contentamento, alegria. Sabe bem começar o dia sorrindo.
(só faltou os dentes na imagem)

sábado, 5 de julho de 2008

Cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

quinta-feira, 26 de junho de 2008

"Gostaria que o país fosse uma imensa Madeira"




Há momentos que nunca se esquecem. Aquando da sua passagem pela Madeira, em Maio de 2004, Manuel Dias Loureiro, então presidente do Congresso Nacional do PSD, mostrou o seu contententamento perante o estado em que se encontrava a nossa Ilha: «É difícil encontrar no mundo outro lugar onde a mão de Deus e do homem tenham trabalhado com tanta sintonia.» .

Sem qualquer comentário a acrescentar, deixo à vossa consideração uma reflexão...


Cronos

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Quando o mundo nos vira as costas

Hoje comecei o dia bem disposto. Com vontade de sorrir e de não trabalhar. Mas até vim com gosto... Infelizmente, lá vem o primeiro corte da manhã. Estava à espera de ouvir um agradável "bom dia" do outro lado e nada. Foi suficiente para me desanimar por momentos. Ainda que logo de seguida, tenha voltado o bom humor, é daquelas coisas que nos levam a pensar que a quando menos esperamos o mundo nos vira as costas. Pode ser apenas sensação, ou pura carência de uma palavra carinhosa, mas o certo é que sentimos. Enfim, o dia começou com sol. A semana espera-me! Aqui fica apenas uma reflexão/desabafo.

Boa semana

Cronos

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Por-do-sol


Foto by Me


O por-do-sol é um momento fantástico. Com o frio típico do Pico do Areeiro, nada como apreciar a beleza dos últimos raios de luz a tocarem as rochas que se elevam até às nuvens. Outra recomedação aos amantes das coisas belas!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Momentos inesquecíveis

Sádado, dia 14 de Junho de 2008

Estava um dia lindo. O Paúl da Serra estava limpo. O céu estava bastante azul. Só se ouvia o cantar dos pássaros e o movimento constante das hélices da energia eólica. No chão, o amarelo das flores convidava a uma paragem mais demorada e a um momento de reflexão. O tapete polinizado atraia também as abelhas e as borboletas. No horizonte, o verde das urzes de outros pequenos arbustos estabelecia a fronteira com a cor intensa do céu. Valeu a pena o momento. Se puderem, não deixem de passar por lá! Afinal, a nossa vida pode ser composta por momentos como este...

Uma pequena reflexão...




(foto by ME, no Paúl da Serra, perto da Bica da Cana, dia 14 de Junho 2008)


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Algumas pinceladas...

Hoje apeteceu-me escrever algo. Não tenho ideias, mas sinto, em mim, a necessidade de escrever qualquer coisa. Tentar preencher um espaço em branco com algumas manchas negras, dando sentido a um conjunto de letras e de palavras que unidas ganham novos contornos. Por vezes não valorizamos este humilde gesto, mas convém não esquecermos de que se trata de algo que nos pode ligar ao mundo. Uma palavra vale mesmo mais do que mil e um gestos...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Desilusão q.b.

Hoje andei a fazer uma ronda pelos blogues que por cá [Madeira, entenda-se] se fazem. Muitos deixam muito a desejar. É lamentável ver que tudo seja pretexto para uma reflexão ou divagação. E tudo isto me levou a pensar que era realmente um erro criar um espaço desta natureza... a ver vamos onde me leva a imaginação!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Morrer aos poucos...

Morre lentamente quem não viaja
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente,
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
Quem se transforma em escravo do hábito,
Repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor,
Ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente,
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções,
Justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
E os corações aos tropeços.

Morre lentamente,
Quem não vira a mesa quando está infeliz,
Com o seu trabalho, ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto,
Para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Pelo menos uma vez na vida,
Fugir dos conselhos sensatos…

(Pablo Neruda)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Está em nós fazermos algo mais...

Ontem assinalou-se o Dia da Terra. Falou-se dos problemas do ambiente regional, nacional e mundial. Entre nós a ocupação das ribeiras e o desrespeito pela orla costeira são flagrantes. Mas está em nós fazermos um pouco mais pelo ambiente e pelo planeta em que vivemos.
A reciclagem (já que não se consegue reduzir a produção de lixos, vá lá que ainda se reciclam) é um bom exemplo de pequenos gestos que fazem uma grande diferença. Não custa nada. É só colocar cada resíduo no recipiente próprio... Sabiam, por exemplo, que a Câmara Municipal do Funchal (a autarquia nacional com maior taxa de reciclagem do país) disponibiliza aos seus munícipes contentores de pequenas dimensões para o vidro e para as embalagens. São baratos e podem ser um incentivo. Já agora evitem deitar pastilhas elástica para o chão: este é um gesto a que diariamente se assiste nas nossas ruas. Pensem se cada pessoa deitasse uma pastilha elástica para o chão como não ficaria o Funchal...(é errado pensarmos que é apenas um pastilha e que não vai fazer diferença...).
Aproveito, também, para dar conta da iniciativa da Empresa de Electricidade da Madeira relativa às lâmpadas ‘amigas do ambiente’. São mais baratas e ainda nos fazem poupar uns trocos. São pequenos gestos que fazem toda a diferença... pensem um pouco nisso.
Cronos

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Contrato de licença de utilização [ou apenas um talvez]

Acordei.
Mesmo de olhos fechados
senti-me acordar para o pensamento.
Eram horas de pôr as ideias em ordem,
eram horas de não deixar o tempo passar
por mim com tamanho pessimismo.
Chorei,
como que a querer lavar as convicções
que até ontem eram uma verdadeira razão
para caminhar com a cabeça erguida.
Escolhi, a dedo, cada assunto,
qual a vaidade nos leva a escolher,
pela manhã, uma nova vestimenta.
Senti-me bem. Senti-me seleccionador.
Senti-me com o poder de comando.
Mas agora, a esta distância da manhã,
com um dia repleto de chatices,
sinto-me impotente.
Aquela sensação de que nada nos corre bem,
Aquela sensação de que não há nada a fazer,
Aquela sensação de que todas as portas se fecharam.
Mas é apenas uma sensação.
Isto me diz a minha razão.
E é a ela a quem dou mais ouvidos.
É a ela a quem entrego o comando do meu corpo.
Já perdi. Já ganhei. E acho que os empates
não podem existir quando somos diferentes.
Não cultivo. Não planto. Não semeio.
O que colho é fruto de algo que me deixaram colher.
Talvez ninguém vá ler isto.
Talvez eu não tenha colocado a advertência inicial
que iria atrair até os mais descrentes.
“para maiores de 18”,
“não aconselhável a pessoas sensíveis”,
aqui não dariam resultado.
Nem mesmo o “para quem não tem dúvidas”.
Aumentar a curiosidade, tornar a leitura
desta minha divagação
apetecível e quase obrigatória!
Como pretendo que apenas os visados,
os seleccionados a dedo,
tomem parte de uma pouco de mim,
aqui fica o contrato. Não o assinem.
Rasguem-no! E sejam felizes
com as janelas que se abrem!


Primeiro Outorgante: SOU EU!
Segundo Outorgante: seleccionado a dedo!

Divagação ou conversa convosco!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Chegou a hora de se cumprir este blogue

Há já algum tempo que vinha arquitectando esta ideia: construir um blogue. Faltava o tempo, faltava a vontade, faltava a disposição. Hoje, à hora marcada por alguém que não existe, resolvi deitar mãos à obra e começar do zero. “Isto” é algo que nasce sem dentes, sem saber andar, nem tão pouco falar. Vai caminhar a passos lentos, tão lentos quando a minha disponibilidade para escrever, procurando, aos poucos, arranjar amigos críticos [que é como quem diz, leitores] que comigo vão procurar dar vida a algo que nasceu inanimado. A ver vamos onde chegar...